sexta-feira, 30 de março de 2012

Dos embates do homem


Dos embates do homem



O que significa esse conflito dentro da natureza humana? Por que o homem se rivaliza consigo mesmo? Com seu semelhante? O homem negando sua condição maior, destruindo, desacreditando, ceifando vidas? O embate entre o bem e o mal. O claro e o escuro. O dia e a noite. As dualidades em caótica mistura.

No mundo, o homem por si só é nada. Não pode e não deve ser uma ilha. Por que então insistimos nesta insensatez que nos alija de outro Ser de forma duradoura? Nos priva de estar? E todos de alguma forma procurando por uma salvação. Contudo queimando lentamente, sozinhos. Como um carvão tirado da brasa.

Aonde caminhamos juntos? Quem era você, com quem vivi? Não sei, apenas sobrevivi. Às trevas dentro da luz. À luta entre amor e ódio.

De onde vem essa grande besta? Este dragão de fogo que consome? Como se entranha dentro de nós? Do mundo? Por que nos torna cegos? De que semente se desenvolveu? De que raiz brotou? Por que estamos fazendo isso? Quem está no comando afinal? Quem está nos matando? Nos furtando de vida e de luz. Escondendo-se, dissimulando, brincando com o que talvez pudéssemos vir a ser. A saber; sobre a vida, o mundo. Tornando os fatos obscuros. Esta escuridão está dentro de ti? Você também já teve esse pesadelo? Este caminho que está tomando, sem rumo.

Como fomos perder a bondade, o amor que nos foi dado gratuitamente? Como deixamos escapar? Destruindo, sem nenhum cuidado? Tornando o mundo um lugar sombrio.

Existem outros mundos? Existem, mas estão neste, como disse Paul Éluard. Já vi e vivi outros mundos. Vi coisas que a maioria jamais verá. Todavia não vi tanta destruição. As vezes penso que foi só imaginação. As vezes penso que sou louco. Não importa, tenho certeza que sou pouco.

Vivemos num mundo que aparentemente está se autodestruindo. E tudo que a maioria faz é fechar os olhos e torcer para que nada os atinja. Quando não muito, disparam suas metralhadoras cegamente, atingindo indiscriminadamente a quem quer que seja. Quando não muito, principalmente quem está por perto. Intimamente por perto. Cada um por si.

O homem está ruindo. Será que a ruína humana beneficia a Terra de alguma maneira? Será que ajuda a grama a crescer e o fruto a vicejar? Ajuda que o pássaro voe livre, não cativo? Como cativos estamos nós; grilhões múltiplos a nos prender a Terra, nos impedindo de voar. Terra que agora grita, pedindo socorro pelos homens, não por si mesma. Quem ouve? Não quem maltrata. Não quem causa danos.

Quem é Deus? Somos todos obras de uma única mente? Os traços de uma única face? Talvez Deus tenha uma grande alma da qual todos fazem parte. Todas as faces numa mesma face. Um grande ser, um único organismo cósmico. Se assim for, penso que não deveria haver embates. Mas os homens são livres para escolher seus caminhos. E nem sempre o fazem com sabedoria.

Somos todos levados para o caminho que desejamos percorrer. Podem ser incrédulos, racionais ou loucos, todos caminham naquilo que acreditam. Os incrédulos nada querem ver, refutam o conhecimento que não venha de provas e não aceitam compreender além do que manda a razão. Os racionais se vêm em tudo, sabem tudo, compreendem tudo. Mas ambos continuam irracionalmente correndo em círculos. Os loucos... bem, os loucos por sua vez têm um olhar além, acreditam no impossível e buscam compreender aquém da razão. Por isso abrem caminhos, que depois alguns poucos seguem. E depois outros. Até que um dia deixa de ser loucura. A história da humanidade está cheia deles. E eles? Os que abriram caminhos?Alguns poucos são reconhecidos. Poucos tem valor. Os outros? Pagam um preço muito alto pela ousadia. Assim mostra a humanidade. Assim caminha a humanidade. Lentamente.

Onde isso vai parar? Se continuamos insistindo no erro? Se não queremos ver, mudar de atitude? Intolerantes! O homem está em guerra. Consigo mesmo, com seu semelhante. A guerra enobrece o homem? Não, ela os torna em bestas. Envenena a alma. Faz ver em cada gesto um ato belicoso. Em cada palavra um ato de agressão. E revidam. E tornam a revidar. Até que não sobre mais nada. Até que não reste pedra sobre pedra; nenhuma possibilidade. Sem perdedores... sem ganhadores.

Dizem que as coisas pioram antes de melhorar. Imagino que em algum momento as coisas só podem melhorar. Já é hora dos homens começarem a melhorar. É o que desejo. É o que vai acontecer.

Horas que parecem dias. Dias que parecem meses. Nada pode me fazer esquecer. Quem sou, de onde vim, há que vim, onde quero chegar. Toda vez se começa do começo. Toda vez é um novo começo. Só há uma coisa que o homem pode fazer. É alcançar algo dentro dele mesmo. Alcançar uma nova rota que o livre deste descaminho. Alcancei uma era dourada. Alcancei novos mares. Um novo oceano.

Oh, minh'alma, deixe eu estar com você agora. Amor, de onde vens? O que acende essa chama em nós? Nós. Nós juntos. Um ser. Um único Ser. Deslizando e se misturando feito ondas, até não podermos distinguir um do outro. Fogo que nenhum mal pode apagar. Nenhuma guerra. Eu era cativo. Tu me libertastes...


(R. Moran)

* todos os direitos reservados ©


segunda-feira, 26 de março de 2012

Pelas rotas da vida


Pelas rotas da Vida...



“Que a Luz me traga a honra, a dignidade e o caráter para ser teu descobridor. Teu encontrado...”


Eu me desfaço, eu me reinvento

sou solto no vento, pequeno fragmento

navegando no tênue fio do passo

sem ti me perco, eu não me acho



Eu me cubro de esperanças, de vida

sou roda ciranda, estrada desimpedida

em compasso de espera aguardo

por tua chegada me resguardo



Eu solto âncoras, me lanço ao furioso mar

sou capitão navegante, sou eterno buscar

na certeza que vens – rota almejada

na bagagem poesia – alma desejada



Hoje sou distâncias, impossibilidades

sou o que sonho, nau perdida em tempestades

No amanhã serei encontro, serei faceiro

e nos teus braços estarei – finalmente inteiro.



 
(R. Moran)- março/2012
(da série: Coisas a dizer: para alguém que está por vir...)
)

* uma pausa necessária no caminho; aportagem em porto estranho; apenas para estabelecer novas percepções. De volta ao mar, novo navegar, rumo leste-oeste, latitude -10º 12' 46", longitude -48º 21' 37". Sem buscar ser compreendido a não ser por quem queira compreender, sem lastimar, sem buscar a dor, sem alimentar falsas esperanças; crendo num amanhã concreto e real.


* todos os direitos reservados ©

sábado, 24 de março de 2012

Voltaremos em breve...



"Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás"
Che Guevara
          






Após quase um mês de inatividade, informamos que voltaremos em breve, trazendo novas vivências, impressões e sentimentos. A vida nos proporciona grandes momentos de aprendizado, e por vezes pode nos parecer cruel. Mas o fato é que viver é ter cicatrizes, e isto não deve ser visto como algo negativo. Podemos e devemos extrair de tudo o melhor, valorizando e preservando o que foi importante, sem nos esquecermos de olhar para trás e ver o que pensávamos que tinha valia, o que pensávamos que tinha significância, aquilo que um dia chegamos a acreditar, e que hoje se tornou apenas uma sombra, perdida na esteira da nau que continua a navegar... inexoravelmente rumo a um destino; que acreditamos; melhor. Com um olhar renovado a frente, mirando, mirando, sin aliento...

(R. Moran)


quinta-feira, 1 de março de 2012

O pior da despedida é a incerteza da volta...



Aproveito as vibrações lunares para dizer até qualquer... O blog a partir de hoje estará fechado para novas postagens por prazo indeterminado. Quando o criei, tinha como propósito testar algumas ideias para um livro e exercitar novas formas de linguagem diferentes, como a poesia e ensaios. Além disso, os textos tinham como serventia expressar sensações e sentimentos mesclando ficção e realidade. Acredito que toda história, todo poema, carrega em si a alma do criador. Penso que grande parte da proposta foi cumprida e aprendi muito nestes meses. Agradeço a todos pelos comentários, pelas participações, sugestões e sobretudo pelas críticas, que sei, foram construtivas e somente contribuíram para enriquecimento de todos que compartilharam comigo este rico aprendizado. No momento, situações pessoais me levam a um afastamento, que se não definitivo, será longo. Um novo projeto me aguarda e meu tempo será escasso para me dedicar a este espaço como ele merece e por todos vocês que souberam apreciar e partilhar. Peço desculpas se em algum momento não fui compreendido, se minhas palavras soaram rudes ou desnecessárias. Todo escritor é tolo e louco as vezes, senão sempre. Afinal, a arte de escrever não se encerra na capacidade de deitar letras em papel, mas na ciência de se fazer entendido por aqueles que lêem. Até qualquer dia, qualquer esquina, qualquer mesa, qualquer cidade, qualquer papel, qualquer letra, qualquer oceano, qualquer ilha perdida, qualquer busca, qualquer achado, qualquer encontro ...


Será?



- Será que tudo que posso fazer é simplesmente ver você partir?- pergunta.
- Talvez ...
- Compartilhamos o riso e a dor, compartilhamos até mesmo as lágrimas, e por isso passamos a nos conhecer mais e melhor. O que posso oferecer que você nunca tenha tido?
- Atitude.
- Minha atitude é minha vida. E será ela que ditará o compasso das ações que farão você perceber o quanto minha atitude é conduzir a um lugar comum. Onde exista um espaço sem dor, onde a vida se consagra.
- Então espere. Talvez...
- Pois então dê uma boa olhada em mim agora, porque no momento há apenas um espaço vazio. Torcer para que acredites, te dar boas razões para isso e esperar é tudo o que posso fazer. É isso que eu tenho que enfrentar agora...

trecho de: "A história dentro da estória"
(da série: Coisas a dizer: para alguém que está por vir...)



(R. Moran)
 

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