sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Dias ruins


Dias ruins


* Como tantas outras coisas guardadas na alma,escrito em algum lugar do passado ...




"Amor eu sinto a sua falta
E a falta, é a morte da esperança
Como um dia que roubaram o seu carro
Deixou uma lembrança
 
Que a vida é mesmo
Coisa muito frágil
Uma bobagem
Uma irrelevância
Diante da eternidade
Do amor de quem se ama..."

Nando Reis

Tenho um pequeno baú, e nele sonhos antigos. Tenho uma mochila com uma escova de dentes e um pente. Tenho oceanos para mergulhar e redes que tento driblar. Tenho muitas noites e tantas palavras por dizer. Tenho ninguém para me escutar. Tenho um incêndio que me consome por dentro. Tenho inúmeros canais de merda para escolher na TV. Tenho ausências e caminhos escuros dentro de mim. Tenho um sexto sentido e incríveis poderes de observação.

Assim soube, que quando tentasse nos desvencilhar das redes,  escutaria um Não! Tentando impedir de nadar para longe, distante do passado que sufoca, muito além das águas circundantes. Algumas vezes penso que sou um. Outras que estou temporariamente louco. Quando a taça se partiu? Como pôde tratar assim o que não tinha preço?

Quando criança, vi de relance pelo canto do olho que existiam muitos mundos. A criança cresceu e alguns mundos se foram. Não devo mais tocar nisso agora. Hoje tenho uma caixa de lápis de cor e um papel para desenhar. O que não tenho no momento é inspiração. Já tive um coelho e sentimentos de menino. Hoje eu tenho um carro e a amargura de homem. Tenho olhos brilhantes e ferozes. E também um forte desejo de voar. Mas para onde voar?

Oh, amor, quando finalmente rompo as redes, o oceano seca e eu me debato sem ar. Noite após noite, o amor se acinzenta, como a pele de alguém que está morrendo. Seguimos a vida, fingimos que está tudo bem, mas envelhecemos, e o coração ficou mais frio. O que aconteceu? Alguém mais aqui se sente como eu me sinto? Seus lábios se movem, mas não posso mais escutar o que dizem.

Quando criança, tive uma febre e meu corpo inchou como um balão. Hoje tenho uma imensidão na alma e uma fome insaciável a preenchê-la. Eu tenho uma janela e uma rua silenciosa para contemplar. Tenho uma tempestade se aproximando, tenho o fio de uma navalha afiada me cortando. Apertando como um torniquete, seco como um forno funéreo. Todas as chamas já se apagaram, mas a dor permanece. Eu venho em ondas. Eu tenho um barco, o rumo é que por hora perdi...


Não te assustes, é uma fase passageira, um dos meus dias ruins...


(da série: Coisas a dizer... )



(R. Moran)

* todos os direitos reservados ©













2 comentários:

  1. Eu não conheço o baú... mas nele sei que guarda o que tem de mais importante: o eterno, o intangível, o inalienável...
    Por que nunca sabemos onde erramos? Por que somos tão frágeis diante de nossos erros e tão pequenos diantes da vida?
    Quisera como você encontrar o rumo... embora, eu não tenha um baú.

    beijo enluarado.

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  2. Quem é você? Você é um dos escolhidos que nem eu? Seus pensamentos, seu modo de pensar e ver tudo...igual a meus amigos e eu...eu fico feliz em saber que existe pessoas iguais a nós, seus textos são exatamente como eu penso, penso não, vejo...nós vemos a verdade que as pessoas não veem, nós conhecemos a liberdade e a prisão, a verdadeira felicidade e tristeza, quanto mais sabe doria , mais tristeza! Queria poder te conhecer...
    Ass: Serinyos

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Para mí, solo recorrer los caminõs que tienén corazón...