sexta-feira, 8 de março de 2013

Reflexões do Tempo I

Reflexões do tempo I


Existem tantas coisas escritas na alma que não cabem em mim... e por vezes transbordam em letras vermelhas no branco do papel. São vertidas no silêncio da noite, na solidão da calma e no escondido das horas.  Nascem sem pedir licença, abruptas, e chocam por vezes pela crueza com que se mostram. Assustado pelo reflexo interior de mim mesmo, cubro o espelho e me resguardo. Aos poucos porém, um crescente incômodo se faz presente. Do incômodo passa-se a dor, até que não é possível mais ignorar aquilo que grita e necessita sair dos muros. Aos murros brota das fendas do pano esgarçado pelo tempo, e convertido em símbolos renasce para com suave alívio transmutar o que era aflição. Assim posto, posto nesta série de reminiscências de um passado que insiste entre fazer e diluir,o cunho das marcas e cicatrizes que vão n'alma de um louco e apaixonado pela vida poeta...
 
 
 

 
Nada e Tudo



 


Já lhe foi dada a esperança, mas a mim, sim!

– muita fúria, calúnia, insensata descrença.

No vento frio da lembrança que sopra e não retorna

desfaz-se como pétalas mortas de existência

teu rosto que se descolore e pálido perde a forma!



Já lhe foi dada a crença, mas a mim, basta!

– Do gosto amargo dos venenos humanos

à mais pura taça a verter a dor que entornas.

Por detrás de acusações tortas, fechas a porta

para a paixão que se vai... e triste não volta!



Perdidas as horas pelas casas do relógio,

se longe vais, oh madrugada, porque tardas o dia?

Os açoites que acompanham teus passos que partem

não escondem as sombras que lhe fazem companhia

e cobrindo a luz de teus olhos, teu brilho esmaecem.



Tudo leva o roldão do tempo, tristes lábios que calam

sussurros em campos longos e vagos que desaparecem

Longe, longe, ocultas em desvão solitário da alma

antigas lágrimas guardadas escorrem e depois passam

como flores que o inverno apaga e depois esquece.



E em nova noite que nasce e nada é insensato

do brilho da Lua ao crer em sonhos que crescem

meus sentidos de calma urgência vão a me dizer: 

 
- que Nada é o que ficou para trás,
 
- que Tudo é o que a frente me compesce.
 
Maio/2012
(R. Moran)

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Para mí, solo recorrer los caminõs que tienén corazón...