Gostaria
aqui de abrir um parênteses... quando digo que por vezes uso
fragmentos de textos ou poemas em meus escritos, falo de
reminiscências antigas, perdidas entre folhas de livros e cadernos
de mão. Falo de resgaste do tempo em linhas quase apagadas, em
rabiscos toscos em guardanapo de papel, em anotações inteiras de
um momento parado na fotografia do espaço-tempo. Quero aqui
exemplificar como a alquimia se processa verdadeiramente. Não o ouro
de tolo, mas a transmutação do verbo em ação, da palavra em
escrita, do sentimento em emoção, vertido em prosa e em verso. Uso
textos tal qual foram criados, ou as vezes os processo em algo novo.
O poema que fecha o “Tudoamesmotempoagora” é demonstrativo
desta intercambialidade. Do texto original abaixo, surgiu um
resumo-poema que casou com outro texto que manteve sua quase
integridade, acrescido do momento que vivo. Aí está...
Quero
aprender a atravessar paredes, quero voar cada vez mais; mais alto,
mais longe, mais distante. Quero voar além do que as mentes simples
possam conceber. Que eu descubra verdades; minhas verdades; e que eu
saiba me reconhecer nelas. E aceitar o que sou, para então te falar
sem dizer nada. Aí basta te olhar.
E
ver em teus olhos a tua verdade junto a tua vontade – Desejo
– Para que eu por minha vez possa te ver toda nua, balanço de
mar a me entontecer; meus olhos impregnados de toda a tua doce nudez,
meus sentidos estasiados com o perfume que brota de ti; do sonhar
acordado que é estar ali.
Quando
juntos estivermos, quero me inundar de sensações no encontro do teu
corpo ao meu, da união de tua alma a minha. Que sejamos fogo que
arde sem queimar, sejamos puro desprendimento – sem culpas, sem
mágoas. E abraçado a ti em contorcionismo espacial, saber que agora
habitamos um ao outro.
Então
que se faça a luz, que se crie calor através de nossos corpos, que
se faça um mundo dentro dos teus braços. Porque sou Tu; tu és Eu.
Sou o que há de melhor em ti; és o que de valoroso reside em mim.
Sou tempo unificado, sou estrada sem fim, sou passado, sou presente,
sou o futuro que canta em nossas vozes a magnificência do encontro,
da união.
Sou poeta do amor, e em coro
faremos proclamar o nosso novo Amor.
(R. Moran)
Julho/92
* todos os direitos reservados ©
Creio que já sei quem tu me lembras. Há trechos que me fazem lembrar essa pessoa, mas não estou falando de plágio, viu? Apenas na coincidência de formação de frases, expressões... Outro texto muito bom! Faz bem te ler!
ResponderExcluirQuanto às minhas crônicas, elas não estão disponíveis à leitura via Internet, apenas na Revista Mostra Plural. Através dos contatos que estão lá, linkados, você pode pedir a tua assinatura. Nada tenho a ver com a venda, só escrevo para as editoras,inclusive, os temas são escolhidos por elas.
Um abraço,
Suzana/LILY
A diferença entre o plágio e a releitura reside unicamente na criatividade do olhar de quem vê. Reler é ir além, mudar o prisma, acrescer, ressignificar. É isso que vi aqui: a releitura de um texto lindo. "Sou tempo unificado, sou estrada sem fim, sou passado, sou presente (...)" Somos um pouco de tudo isso, porque a grandeza do Amor reside na capacidade de amar.
ResponderExcluirUm beijo,